cenário econômico brasileiro deteriorou-se rapidamente e é bastante preocupante, traduzindo-se em um período desafiador para as empresas. Neste momento, muitas delas estão adotando uma série de medidas para atravessar esta fase de turbulência, como revisão de seus projetos de investimento, cortes de despesas, renegociação de dívidas e gestão de sua capacidade de honrar seus compromissos no curto prazo.

Também as companhias bem-sucedidas devem aproveitar o período como uma oportunidade, pois não precisarão crescer a qualquer custo para acompanhar o ritmo da economia e poderão rever suas estratégias e modelos de negócio, preparando-se melhor para um novo ciclo de expansão e saindo à frente dos concorrentes em um momento de retomada.

Nossa metodologia Fit for Growth, testada em inúmeras companhias no Brasil e no mundo, possibilita a captura de resultados sustentáveis no curto prazo e, ao mesmo tempo, mantém a capacidade de diferenciação das organizações e seu potencial de emergir da crise ainda mais fortalecidas. Ela se baseia em oito premissas, uma das quais é a  otimização fiscal e de capital.

Ante as restrições ao desempenho superior e ao acesso a recursos, nossa recomendação é que as empresas aperfeiçoem suas estruturas de utilização de capital e fiscais, reduzindo riscos e aumentando a eficiência (de capital e fiscal).

No caso dos novos projetos, precisam aumentar o rigor nas escolhas de investimentos de capital, o que significa submetê-los a escrutínio para otimizar seus retornos.

No que se refere aos projetos em curso, devem gerenciá-los com um modelo que inclua eficiência e efetividade em:

Processos – Sugerimos seguir a metodologia Front End Loading (FEL) para planejamento dos projetos, evitando
mudanças complexas e custosas ao longo deles. É prevista uma avaliação disciplinada dos projetos após cada um de
seus estágios – há
gates[portas] para analisar seu progresso –, a fim de replanejar recursos, estrutura de gestão e apoio dos executivos e rever o retorno estimado.

Governança – Propomos garantir a existência de uma estrutura que permita tomar rapidamente as decisões necessárias para implementar e finalizar os projetos com sucesso, promovendo interações efetivas das diferentes áreas envolvidas e o fluxo de informações adequado.

Além disso, uma gestão ativa do capital de giro permite a liberação rápida de caixa – por meio da otimização dos estoques, da excelência nos processos de contas a pagar e receber e da renegociação dos termos de pagamento e recebimento.

Como em todo período desafiador, as empresas devem enxergar no atual momento uma chance de serem bem-sucedidas. Trata-se de uma oportunidade para que se reinventem e fiquem prontas para um novo ciclo de crescimento futuro, investindo em suas capacitações críticas para se diferenciar da concorrência e para estabelecer um novo paradigma de eficiência.

Orçamento base zero ajuda a simplificar

Mais do que uma simples abordagem de redução de custos, as empresas podem se valer, neste momento, de uma nova perspectiva de gestão – a da simplificação. Uma valiosa ferramenta de simplificação é o orçamento base zero, com a análise de cada linha do demonstrativo de despesas, a verificação da real necessidade daquele gasto e a reflexão: se fosse começar o negócio do zero, quanto gastaria naquele item especificamente?

Esse caminho passa pelo investimento na geração de informações mensuráveis sobre todas as áreas da empresa.
Com um fluxo adequado sobre esses dados, é possível estabelecer um programa de simplificação e excelência das operações, o que otimiza os recursos sem necessariamente exigir cortes mais agressivos na própria operação.

Por Ivar Berntz, sócio da área de consultoria da Deloitte e líder de projetos para a indústria automobilística.

Para conter despesas

É possível reduzir custos com medidas como a adoção de parques logísticos com infraestrutura compartilhada e acesso mais barato aos principais centros de produção e consumo. Mas também há modelos inovadores para ajudar na contenção de despesas das empresas, como diz Ivar Berntz, sócio da área de consultoria da Deloitte.

O especialista cita o built-to-suit, por exemplo. Consiste em um contrato pelo qual a empresa conta com um investidor para viabilizar um empreendimento imobiliário que ele ocupará por um período preestabelecido.

A nova modalidade é popular entre as plantas industriais dos Estados Unidos e da Europa, porque reduz custos operacionais e também leva à centralização e otimização de operações em um único imóvel sem precisar investir em sua concepção.