Imagine chegar ao trabalho em uma manhã qualquer. Você liga o computador, tenta acessar o sistema de gestão da empresa e se depara com uma tela preta, com a seguinte mensagem: “Seus dados foram criptografados. Pague o resgate em até 48 horas ou tudo será perdido.”

Centenas de empresas brasileiras estão enfrentando um dos desafios mais críticos da cibersegurança corporativa: os ataques de ransomware. Essa ameaça, cada vez mais comum e devastadora, se destaca entre os crimes digitais não apenas pela frequência com que ocorre, mas também pelo impacto financeiro, operacional e reputacional que gera.

O avanço do modelo ransomware as a service e o uso de inteligência artificial por parte dos criminosos têm desafiado até mesmo empresas com infraestrutura robusta e sistemas integrados, como ERPs, que são cada vez mais visados por armazenarem dados estratégicos e operacionais.

Neste artigo, você irá entender como o ransomware funciona, como ele se diferencia de outras ameaças digitais e, principalmente, o que sua empresa pode fazer para se proteger e agir rapidamente em caso de ataque.

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O que é um ransomware?

Ransomware é um tipo de malware criado para bloquear o acesso aos dados de uma empresa por meio da criptografia de arquivos. Após sequestrar essas informações, os criminosos exigem o pagamento de um resgate, geralmente em criptomoedas, para liberar o acesso.

O nome vem da junção de “ransom” (resgate, em inglês) e “software” e pode afetar não apenas estações de trabalho, mas também servidores, sistemas de backup e dispositivos conectados, gerando uma paralisação completa das operações.

Como funciona o ransomware?

Entender como o ransomware atua é essencial para montar uma estratégia de prevenção eficiente. Em geral, o processo se divide em cinco etapas:

1. Infiltração no sistema

O ponto de entrada mais comum é o e-mail, especialmente os phishings com links ou anexos maliciosos. Também são frequentes as infecções causadas por softwares desatualizados, senhas fracas e até falhas em autenticações remotas.

2. Reconhecimento da rede

Após a infiltração, o malware analisa a rede interna em busca de servidores, backups e outros dispositivos vulneráveis, mapeando o ambiente para maximizar o impacto do ataque.

3. Criptografia de arquivos

Com o terreno mapeado, inicia-se a criptografia dos dados, tornando-os ilegíveis. Em muitos casos, os criminosos fazem cópias desses arquivos como garantia para uma possível extorsão dupla (ameaçando vazar as informações se o pagamento não for feito).

4. Exibição da mensagem de resgate

Após criptografar os arquivos, aparece na tela uma mensagem exigindo o pagamento, com instruções detalhadas e prazos curtos. A pressão psicológica é parte da estratégia.

5. Negociação e pagamento

Alguns grupos oferecem até suporte técnico para “ajudar” no pagamento. Apesar disso, não há garantia de que os dados serão recuperados, mesmo com o pagamento do resgate.

Qual a diferença entre vírus e ransomware?

Embora ambos sejam tipos de malware, vírus e ransomware têm propósitos e comportamentos bastante diferentes.

  • Vírus: foram projetados para se espalhar silenciosamente e causar diferentes tipos de danos, como corromper arquivos, degradar o desempenho do sistema ou roubar informações. Muitas vezes, permanecem ocultos por longos períodos antes de serem detectados.
  • Ransomware: segue o caminho oposto. Ele busca ser notado. Seu objetivo é claro e direto: sequestrar dados e exigir o pagamento de um resgate. Sem visibilidade, a chantagem não funciona, por isso, ele se revela logo após criptografar os arquivos.

A diferença mais importante está no impacto e na recuperação. Enquanto um vírus pode ser neutralizado com uma solução antivírus, no caso do ransomware, mesmo após sua remoção, os dados criptografados continuam inacessíveis sem a chave de descriptografia.

Qual a diferença entre phishing e ransomware?

Phishing e ransomware são ameaças digitais diferentes, mas muitas vezes caminham juntas.

O phishing é uma técnica de engenharia social usada para enganar usuários e obter informações sensíveis, como logins, senhas e dados bancários. Ele costuma se disfarçar de comunicação legítima, como um e-mail de banco ou uma mensagem corporativa, para induzir o clique em links maliciosos ou o download de arquivos infectados.

Já o ransomware é um tipo de malware com um objetivo claro: sequestrar dados e exigir um resgate para devolvê-los. Ele age diretamente nos sistemas e arquivos da empresa, causando interrupções sérias nas operações.

Na prática, essas ameaças frequentemente se combinam. Por exemplo: um e-mail de phishing pode ser justamente o veículo de entrada do ransomware. Basta um clique errado para dar início a um ataque com potencial de paralisação completa da empresa.

Tipos de ransomware

Cada tipo de ransomware utiliza táticas diferentes para comprometer sistemas, sequestrar dados e pressionar as vítimas, exigindo abordagens específicas de prevenção e resposta.

Entender as principais variações é essencial para identificar vulnerabilidades, definir protocolos de defesa mais eficientes e agir com rapidez diante de uma ameaça real. Confira a seguir os tipos de ransomware mais comuns e como eles afetam o ambiente corporativo.

Crypto ransomware

Esse é o tipo mais comum e perigoso. Ele criptografa arquivos essenciais, como documentos, planilhas e bancos de dados, tornando-os inacessíveis. Depois disso, o criminoso exige o pagamento para fornecer a chave de descriptografia.

Exemplos famosos incluem WannaCry, Locky e CryptoLocker. Mesmo após a remoção do malware, os arquivos continuam inacessíveis sem a chave, o que torna esse tipo especialmente destrutivo.

Locker ransomware

Ao contrário do crypto ransomware, esse tipo não criptografa arquivos individuais, mas bloqueia completamente o acesso ao sistema operacional. O usuário perde o controle do dispositivo, que se torna inutilizável.

Apesar de causar interrupções, o locker ransomware tende a ser mais fácil de remover, e os dados costumam permanecer intactos.

Scareware

Menos técnico, mas ainda perigoso, o scareware usa táticas de intimidação para enganar o usuário. Exibe mensagens alarmantes, como alertas falsos de vírus, para forçar o pagamento por soluções de segurança inexistentes.

Costuma afetar usuários menos experientes e é mais fácil de identificar e remover, mas ainda pode comprometer o ambiente digital da empresa se não for tratado com atenção.

Doxware (ou leakware)

Além de criptografar os dados, o doxware também rouba informações sensíveis e ameaça publicá-las caso o resgate não seja pago. É o que chamamos de dupla extorsão: financeira e reputacional.

Esse tipo de ataque coloca as empresas em uma posição delicada, principalmente quando envolve dados de clientes, contratos estratégicos ou informações confidenciais.

Ransomware as a Service (RaaS)

No modelo Ransomware as a Service, desenvolvedores criam e comercializam kits de ransomware prontos para uso na dark web. Com isso, até criminosos com pouco conhecimento técnico conseguem realizar ataques sofisticados.

Plataformas RaaS oferecem suporte, atualizações e até programas de afiliados. Esse modelo profissionalizou o cibercrime e contribuiu diretamente para o aumento no volume de ataques em todo o mundo.

O que fazer para se proteger?

Quando se trata de ransomware, a melhor resposta é sempre antecipar o ataque. A prevenção é a estratégia mais eficaz, e mais econômica, para proteger sua empresa. A seguir, confira as principais medidas que devem fazer parte de uma política de segurança de dados bem estruturada:

Implemente backups sólidos

Ter cópias de segurança atualizadas e acessíveis é o passo mais importante. Siga a regra 3-2-1: mantenha três cópias dos dados (incluindo documentos digitais importantes, como relatórios, planilhas e registros operacionais) em dois formatos diferentes, sendo uma armazenada offline ou em ambiente seguro na nuvem.

Lembre-se: backups só são úteis se funcionarem. Por isso, realize testes periódicos de restauração para garantir a integridade dos dados e assegurar que os arquivos estarão disponíveis quando mais precisarem deles.

Mantenha sistemas atualizados

Softwares desatualizados são portas de entrada para ataques. Aplique os patches de segurança assim que forem liberados. Isso vale para sistemas operacionais, aplicações corporativas, dispositivos e ferramentas de segurança.

A simples atualização de um sistema pode evitar uma brecha crítica explorada por cibercriminosos.

Use soluções de segurança avançadas

Adote ferramentas de proteção que combinem detecção em tempo real, análise comportamental e inteligência artificial. Soluções modernas conseguem identificar movimentos suspeitos antes que o ataque se concretize, aumentando consideravelmente as chances de neutralização precoce.

Leia também: Segurança de dados no ERP: seus dados estão seguros?

Controle acessos com rigor

Aplique o princípio do menor privilégio: cada colaborador deve ter acesso apenas ao que é necessário para sua função. Use autenticação multifator em sistemas críticos, como servidores e o ERP da empresa.

Uma prática cada vez mais adotada é o modelo de Zero Trust, que opera sob o conceito de “nunca confie, sempre verifique”. Isso significa exigir autenticação contínua de usuários, dispositivos e aplicações, mesmo dentro da rede corporativa.

Com o aumento do trabalho remoto e dos serviços em nuvem, o Zero Trust oferece uma camada extra de proteção contra acessos não autorizados, reforçando a cibersegurança da empresa.

Treine sua equipe

Mesmo com a melhor tecnologia, o elo humano ainda é o mais vulnerável. Por isso, capacite sua equipe continuamente para reconhecer tentativas de phishing, e-mails maliciosos e comportamentos suspeitos.

Invista em campanhas educativas, treinamentos práticos e simulações de ataques, tornando a segurança parte da cultura da empresa.

Segmente sua rede

Evite que uma ameaça comprometa toda a estrutura da empresa. Divida sua rede em segmentos isolados, separando áreas críticas das demais.

Essa segmentação reduz o alcance de um possível ataque, limitando a movimentação lateral do ransomware dentro do ambiente corporativo.

Monitore sua rede constantemente

A prevenção também passa pela visibilidade em tempo real. Implemente ferramentas de monitoramento e resposta a incidentes (SIEM, SOAR, NDR, entre outras) que detectem comportamentos anormais e iniciem ações automáticas de contenção.

Lembre-se: quanto mais cedo um ataque for identificado, menores serão os danos e maior será a capacidade de reação.

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O que fazer em caso de ataque de um ransomware?

Mesmo com uma infraestrutura robusta, soluções avançadas de proteção e políticas bem definidas, nenhuma empresa está totalmente imune a um ataque de ransomware.

As ameaças evoluem rapidamente, explorando brechas cada vez mais sutis e, quando o ataque acontece, o tempo de resposta é crucial para minimizar os impactos.

Por isso, ter um plano de ação bem estruturado pode ser a diferença entre um incidente controlado e um prejuízo irreversível. Então, se sua empresa for alvo de um ataque, alguns passos são essenciais:

  1. Isole imediatamente os sistemas afetados: desconecte da rede os computadores infectados, inclusive removendo cabos de rede e desligando o Wi-Fi. Isso evita a propagação do ransomware.
  2. Avalie o impacto: mapeie os sistemas comprometidos, identifique se os backups estão íntegros e defina uma estratégia de recuperação.
  3. Não pague o resgate de imediato: especialistas recomendam não pagar como primeira opção, pois o pagamento não garante a recuperação dos dados e ainda financia o cibercrime.
  4. Comunique o incidente: notifique autoridades competentes, como a Polícia Federal. Caso dados sensíveis tenham sido expostos, considere avisar clientes e parceiros para preservar a confiança.
  5. Execute o plano de resposta: restaure os dados a partir de backups limpos e verifique toda a infraestrutura antes de reconectar os sistemas à rede.
  6. Conduza uma análise forense: investigue como o ataque aconteceu, quais vulnerabilidades foram exploradas e implemente medidas corretivas.
  7. Aprenda com o incidente: use a experiência para fortalecer suas defesas, atualizar políticas de segurança de dados e refinar o plano de resposta.

Conclusão

Com ataques cada vez mais frequentes, sofisticados e direcionados, proteger seu negócio desse tipo de ataque não é mais opcional, é uma necessidade estratégica.

Empresas que adotam uma postura proativa em segurança da informação, com infraestrutura robusta, processos bem definidos e equipes capacitadas, não só reduzem riscos operacionais, como também fortalecem sua reputação e confiança no mercado.

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