*Este conteúdo foi produzido pela HSM, veiculado no dossiê: A era exponencial, na edição nº120 jan/fev de 2017 na Revista HSM Management.

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Por Salim Smail

Crescer em alta velocidade, como é próprio de uma ExO, tende a criar caos e pode levar à desintegração. Os atributos internos são os que permitem gerenciar o caos e evitar essa desintegração.

1. Interfaces

São processos de filtragem e comparação pelos quais as ExOs ligam as externalidades de SCALE com as estruturas de controle interno de IDEAS. Começando de forma manual e gradualmente se automatizando, o que esses processos fazem é criar uma migração sem atritos dos atributos externos para os internos. E, um dia, eles se tornam plataformas de autoprovisionamento que permitem a expansão da ExO.

Dois exemplos significativos de interfaces são o AdWords, do Google, e a App Store, da Apple; ambos fazem a ligação interna com o atributo “comunidade/multidão” do mundo externo. No Uber, a interface interna com o atributo externo “ativos alavancados” é a plataforma de seleção de motoristas. E, na Zappos, o processo de contratação faz a interface com o atributo externo do engajamento.

2. Dashboards

Devido às enormes quantidades de dados de clientes e colaboradores que vão se tornando disponíveis, as ExOs precisam de uma nova maneira de se avaliar e gerenciar: um dashboard adaptável e em tempo real, com todas as
métricas essenciais dos colaboradores da empresa, acessíveis a todos na organização.

Os dashboards são fundamentais para as ExOs, porque o crescimento acelerado exige estruturas rígidas de controle – as avaliações do negócio, dos indivíduos e da equipe têm de ser, inclusive, integradas e executadas em tempo real,
porque, no hipercrescimento, os pequenos erros podem aumentar muito rapidamente.

Nos dashboards de uma organização exponencial, não há espaço, portanto, para as chamadas “métricas de vaidade” (estatísticas como o número de visitantes ou de downloads de apps). Estas são substituídas por métricas (KPIs) de valor real, tais como o uso repetido, o percentual de retenção, a monetização e o Net Promoter Score (NPS – mede se os clientes se dispõem a recomendar a empresa a amigos), com base no popular movimento da startup enxuta.

As ExOs têm mais de uma técnica para isso, mas o uso das métricas OKR (sigla em inglês de objetivos e resultados-chave) vem crescendo em particular. O objetivo é o sonho da organização – de natureza qualitativa mesmo que envolva um número e sempre desconfortável –, enquanto o resultado-chave é o critério de sucesso – sempre quantitativo. Aumentar as vendas em 25% é um exemplo de objetivo, e formar duas novas parcerias, um resultado-chave.

Em geral, cada iniciativa tem até cinco objetivos e quatro resultados-chave no dashboard, e o atingimento de 60% a 70% de ambos é o ideal (se for 100%, significa que a expectativa estava baixa demais). Mais ExOs têm estabelecido
OKR de alta frequência, com um alvo por indivíduo por mês ou até por semana.

AS MÉTRICAS DE VAIDADE PRECISAM SER SUBSTITUÍDAS POR KPIS DE VALOR REAL NOS DASHBOARDS

 

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3. Experimentação

Trata-se da metodologia da startup enxuta de submeter os produtos, a testes frequentes com consumidores, com riscos controlados, e ir modificando-os conforme os feedbacks recebidos. O princípio por trás da experimentação é que um grande número de ideias de baixo para cima, se devidamente filtradas, sempre supera o pensamento de
cima para baixo, não importando o setor ou a organização, porque há o “aprendizado escalável”.

Considerando as taxas de crescimento das ExOs, essa é a única estratégia possível para elas. Os japoneses há muito tempo têm seguido a prática do kaizen: a melhoria contínua, parecida com essa experimentação lean – a diferença entre o aprendizado escalável das startups e o kaizen oriental é o uso de novas e mais avançadas ferramentas orientadas para dados tanto online como offline, para testar hipóteses de segmentos de clientes, casos de uso e soluções.

4. Autonomia

Equipes auto-organizadas e multidisciplinares que operam com uma autoridade descentralizada são um dos mais importantes atributos internos de uma ExO. Isso pode ser ilustrado pela Valve Software, empresa de jogos que tem 330 colaboradores, mas não possui estrutura gerencial clássica, com cadeias hierárquicas, descrições de trabalho e reuniões regulares. Em vez disso, a empresa contrata pessoas talentosas, inovadoras e com iniciativa, que decidem de quais projetos desejam participar. Elas também são incentivadas a iniciar novos projetos, desde que estes se enquadrem no PTM da companhia.

Essa autonomia extrema tem funcionado bem para a Valve. Ela possui uma receita por colaborador maior do que a de qualquer outra empresa de jogos, e esse estilo cria uma cultura sociável, aberta e confiante, com uma equipe
altamente satisfeita.

Mesmo que não sejam tão extremas, muitas organizações exponenciais se organizam internamente não em departamentos tradicionais e com camadas de média gerência, mas em equipes interdisciplinares, auto-organizadas e com autoridade radicalmente descentralizada.

Já há uma tendência clara – e constante – em direção a maior autonomia no local de trabalho, seja em que tipo de empresa for: teletrabalho, outsourcing , organizações virtuais e achatadas. O que prevemos, como resultado disso, é
que a abordagem enxuta do OKR aos poucos substituirá a supervisão top-down tradicional.

5. Social – Tecnologias sociais

Tudo começou com o e-mail, que proporcionou uma conectividade assíncrona; depois vieram as wikis e intranets, que ofereceram informação síncrona compartilhada; hoje temos fluxos de atividade que fornecem atualizações em tempo real nas organizações, em redes sociais internas.

Quando se trata de fazer um negócio avançar, J.P. Rangaswami, cientista-chefe da Salesforce, atribui à tecnologia social três funções principais:

1. Reduzir a distância entre a obtenção (e o processamento) da informação e a tomada de decisões.

2. Em vez de procurar informações, fazer com que elas fluam por meio de sua percepção.

3. Alavancar uma comunidade para formar ideias.

Em nossa perspectiva, para contribuírem para o hipercrescimento das organizações exponenciais, as tecnologias sociais devem ter seus sete elementos-chave bem implementados: objetos sociais definidos, fluxos de atividades,
gerenciamento de tarefas, compartilhamento de arquivos, telepresença, mundos virtuais e sensoriamento emocional.

COM AS TECNOLOGIAS SOCIAIS, O TEMPO ENTRE O SURGIMENTO DE UMA IDEIA, SUA ACEITAÇÃO E SUA IMPLEMENTAÇÃO PODE SUMIR

Quando isso acontece, esses elementos criam transparência e conexão e, o mais importante, reduzem a latência da informação em uma organização. O objetivo final é o que o Gartner Group chama de empresa de latência zero – isto é, uma sociedade em que o tempo entre o surgimento da ideia, sua aceitação e sua implementação praticamente desaparece e onde essa implementação pode proporcionar um significativo retorno sobre o investimento.

 

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Complemente seu conhecimento com alguns livros que também falam sobre o assunto neste post.