Já pensou em participar de um festival de tecnologia? O conceito é o mesmo de um festival de música: vários palcos, milhares de pessoas, programação eclética, experiências incríveis a cada momento. Mas com uma diferença. Ao invés das maiores bandas de rock, os maiores pensadores, desenvolvedores e líderes de empresas de tecnologia do planeta.

Assim foi o Web Summit 2019, realizado em Lisboa, na primeira semana de novembro. 

O evento é considerado a maior conferência de tecnologia do mundo. Foram 1.206 palestrantes, 22 palcos, 74 mil pessoas inscritas, 163 países representados. A gente também estava lá, por meio do nosso Diretor de Desenvolvimento, Manoel Prudêncio Menezes e do Gerente de Desenvolvimento Claudio Gualberto.

Eles selecionaram algumas das principais tendências discutidas. Que tal aproveitar para incorporar algumas ao seu planejamentos de 2020?

Tendências Web Summit 2019

1) Mais atenção ao Lifetime Value

Des Traynor, co-fundador da Intercom (plataforma de relacionamento com clientes), defendeu em sua palestra que as empresas prestem mais atenção ao indicador Lifetime Value (LTV) do que no Custo de Aquisição do Cliente (CAC).

Para ele, as empresas passaram tempo demais focadas em conversão e geração de leads.

Entretanto, dedicaram menor atenção à construção de confiança de marca e estratégias de comunicação e relacionamentos a longo prazo. Para Traynor, quando a retenção é bem feita, é possível que as marcas sejam mais assertivas na previsão de receitas. 

2) O pensar “fora da caixa” não é mais suficiente.

Wai Lee, executivo da Garmin International (fabricante de sistemas de localização / GPS), desmitificou o design thinking, metodologia preferida pelos profissionais de inovação.

Segundo ele, é insuficiente pensar “fora da caixa”. Ele defende que os arquitetos de produtos e os designer passem a pensar fora da fábrica / escritório. As ideias precisam vir do mercado e ser testadas no mercado, para ver se sobrevivem e se mostram sustentáveis.  

3) Lei de Proteção de Dados: Legalizamos o ilegal?

Uma das palestras mais esperadas e controversas foi com Edward Snowden, presidente da Fundação Freedom of the Press.

Em um evento onde se falou muito sobre algoritmos e análise de dados, ele questionou o livre acesso às informações de milhões de pessoas. Tanto por parte de empresas quanto por governos.

Para Snowden, quando dados pessoais são manipulados, as próprias pessoas passam a ser manipuladas. Uma vez que pode-se saber tudo sobre alguém a partir dos dados.

No evento, ele propôs que as leis de proteção precisam considerar não apenas o indivíduo, mas a sociedade como um todo. 

4) Uso da tecnologia a favor do marketing.

A discussão foi em torno de como algoritmos, inteligência artificial e aprendizado de máquinas podem ser grandes aliados das estratégias de marketing e comunicação das empresas.

No futuro, a combinação desses recursos pode tornar desnecessária a existência dos executivos de marketing.

Essa foi a opinião que Kristim Lenkau, CMO da JPMorgan Chase, apresentou em sua palestra. Para elucidar, ele trouxe um exemplo prático. Anúncios criados por publicitários passaram a trazer mais resultado depois de terem sido editados de acordo com recomendações de algoritmos.

O uso da tecnologia permitiu aos profissionais de marketing serem mais assertivos, tornando a campanha mais atrativa e geradora de resultados.

5) Remediando os sintomas, não as causas

O atual presidente da Microsoft, Brad Smith, falou sobre a importância de se avançar a tecnologia para preservar os valores humanos fundamentais.

Segundo ele, o impacto que as mudanças do mundo moderno tem sobre a vida das pessoas provoca uma espécie de “era da ansiedade”.

O executivo defende que essa é uma conversa necessária na sociedade, uma vez que é a primeira vez na história em que podemos delegar às máquinas o poder de tomar decisões. Qualquer erro agora poderá gerar grandes impactos futuros.

6) Criatividade como estratégia 

A criatividade, habilidade humana por excelência, foi o foco da palestra de Fernando Machado, CMO do Burgher King.

Para ele, as marcas precisam transformar a maneira como se comunicam e apostar no lado criativo para conquistar e manter consumidores.

Ele questionou as tradicionais estratégias publicitárias e provocou as empresas a usarem o pensamento criativo na busca de caminhos disruptivos para suas estratégias de comunicação. 

7)  Confiança é a crise da vez

Katherine Maher, da Wikipedia, levou os participantes do Web Summit a uma reflexão sobre a crise de confiança que as marcas e instituições estão atravessando.

Ela abordou o fenômeno da desinformação e do compartilhamento desenfreado de conteúdos falsos como sérias ameaças à colaboração e ao desenvolvimento das sociedades.

Para Maher, somos uma geração que, em parte, acredita mais em uma história contada do que na pesquisa e na ciência.

Isso é visto com preocupação, mas a executiva aponta que a colaboração entre as pessoas, empresas e governos pode contribuir para minimizar os impactos. 

Preparando-se para o futuro com o Web Summit 2019

Agora que você tem algumas ideias sobre as tendências, avalie como cada uma delas pode afetar seus negócios, seja positiva, seja negativamente. É fato que a organização, análise e modelagem dos dados fará cada vez mais parte de nossas estratégias de negócios. Precisamos saber mais sobre temas como algoritmos, inteligência artificial e aprendizado de máquinas. Também será necessário refletir sobre o cenário atual, de olho no futuro de médio e longo prazo.

Todo o conteúdo do Web Summit 2019 está disponível em inglês, no site do evento. Vale a pena conferir e aproximar sua empresa do futuro, que começa hoje!