Considerando cadeias produtivas que cruzam continentes e empresas que dependem de fornecedores de diferentes países, qualquer instabilidade nas relações comerciais internacionais ou guerra comercial, pode ter reflexos diretos nos negócios locais.

Um exemplo claro disso é a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que desde 2018 vem gerando uma série de desdobramentos econômicos.

Segundo dados do Banco Mundial, as tensões tarifárias entre as duas maiores economias do mundo já resultaram em uma desaceleração de 0,4% no comércio global.

Para o Brasil, os impactos vão além do comércio exterior e afetam custos de importação, estratégias de precificação, gestão de fornecedores e até o planejamento e controle de produção (PCP) das empresas.

Com a crescente volatilidade econômica, fica evidente que gestores brasileiros precisam de ferramentas e estratégias para monitorar riscos e tomar decisões mais assertivas

Neste artigo, explicamos o que é uma guerra comercial, mostramos os efeitos da disputa EUA x China no Brasil e como usar BI, PCP 4.0 e solução ERP para reduzir vulnerabilidades e proteger sua operação.

O que é uma guerra tarifária e seus principais exemplos

Antes de entender os impactos, é fundamental compreender o que é uma guerra comercial.

Uma guerra comercial ocorre quando dois ou mais países impõem tarifas, barreiras ou sanções econômicas uns aos outros, com o objetivo de proteger indústrias locais, corrigir déficits comerciais ou exercer pressão política.

Essas medidas envolvem, principalmente, a elevação de tarifas de importação, restrições a investimentos estrangeiros, subsídios a empresas nacionais e até bloqueios tecnológicos. 

Embora pareçam estratégias de proteção, geralmente resultam em perdas para todos os envolvidos – incluindo países terceiros.

Exemplo clássico: EUA x China

O caso mais emblemático das últimas décadas é o embate entre Estados Unidos e China, iniciado oficialmente em 2018, quando o governo Trump impôs tarifas sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses.

O objetivo declarado era reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos e conter o crescimento tecnológico acelerado da China. A China retaliou com tarifas sobre produtos agrícolas, aço e alumínio norte-americanos.

Esse conflito tarifário afetou diversos setores – tecnologia, energia, agricultura, manufatura – e impactou cadeias globais inteiras. Para países como o Brasil, que dependem de exportações e importações em vários desses segmentos, os efeitos são tangíveis.

Efeitos da guerra comercial China x EUA no Brasil 

Embora o Brasil não seja parte direta da disputa, ele sofre consequências indiretas que afetam desde exportadores agrícolas até indústrias que dependem de insumos importados.

De acordo com análise da Exame ESG, o setor de energia limpa no Brasil pode ser afetado pela dificuldade de importar painéis solares e baterias da China, já que a crescente demanda dos Estados Unidos tem pressionado o mercado ao buscar fornecedores alternativos fora do território chinês. Isso pressiona preços e disponibilidade no mercado brasileiro.

Além disso, as tensões criam oportunidades e ameaças comerciais. Como apontou matéria do Valor Econômico, o Brasil se beneficiou em alguns momentos da disputa ao exportar mais soja para a China, que deixou de comprar dos EUA

Por outro lado, insumos chineses essenciais para a indústria brasileira – como componentes eletrônicos, fertilizantes e peças automotivas – encareceram ou atrasaram, prejudicando o PCP de muitos setores.

Impactos no custo de importações e exportações 

As cadeias de suprimentos globais são extremamente sensíveis a variações de custo, logística e disponibilidade. Quando ocorre uma guerra comercial, o efeito dominó pode ser devastador para empresas brasileiras que trabalham com margens apertadas e prazos rígidos.

Custo de importação

Empresas que dependem de matérias-primas da China ou dos EUA enfrentam:

  • Alta de preços devido à elevação de tarifas;
  • Problemas logísticos decorrentes do desvio de rotas de cargas e da escassez de contêineres no mercado;
  • Necessidade imediata de encontrar novos fornecedores, o que acarreta custos adicionais com processos de homologação e aumento nos prazos de qualificação.

Esse cenário exige atenção dobrada à gestão de fornecedores, ao controle de prazos e à eficiência na gestão de estoque

A volatilidade também pressiona as estratégias de precificação, pois os aumentos de custos muitas vezes precisam ser repassados aos consumidores, o que afeta a competitividade.

Exportações brasileiras

Por outro lado, os setores exportadores do Brasil também são afetados pelos desdobramentos da guerra comercial. 

A substituição de fornecedores em meio à guerra comercial pode beneficiar o Brasil, como foi o caso da soja e da carne bovina. Porém, essa vantagem é momentânea e imprevisível – mudanças nas políticas de comércio podem reverter os fluxos a qualquer momento.

Essa imprevisibilidade dificulta o planejamento e controle de produção (PCP), especialmente em empresas que produzem sob encomenda ou trabalham com contratos internacionais.

Como prever impactos usando Business Intelligence 

Diante desse cenário complexo, a adoção de ferramentas de Business Intelligence (BI) se torna essencial para antecipação de riscos e tomada de decisões baseadas em dados.

Um bom sistema BI e seus benefícios incluem:

  • Mapeamento de riscos de fornecedores internacionais: identificando quais insumos estão mais sujeitos a instabilidade de preço e oferta;
  • Simulações de impacto de tarifas: avaliando como um aumento de 10% nos custos de importação pode afetar margens e precificação;
  • Visualização de gargalos no PCP: cruzando dados de produção, estoque e lead time de fornecedores para otimizar o planejamento.

Além disso, a integração com uma solução ERP permite centralizar todas as informações da cadeia produtiva, unindo áreas como compras, produção, vendas e finanças. Essa integração é o primeiro passo para adotar o conceito de PCP 4.0, que prevê:

  • Produção flexível e inteligente;
  • Redução de estoques de segurança por meio de previsões mais precisas;
  • Aprimoramento da gestão de fornecedores por meio do uso de dados em tempo real.

Empresas que utilizam BI e ERP integrados conseguem não apenas reagir a choques externos como uma guerra comercial, mas também antecipar movimentos de mercado, ajustando suas operações com mais agilidade.

Conclusão

Com o mundo cada vez mais interconectado, as consequências de uma guerra comercial vão muito além dos países diretamente envolvidos.

O Brasil, como um importante player agroindustrial e consumidor de insumos importados, está altamente exposto aos efeitos indiretos dessas disputas.

Ter clareza sobre o conceito de guerra comercial e seus impactos é importante para gestores que desejam tomar decisões mais assertivas em um cenário global instável.

As consequências para precificação, gestão de fornecedores, importações, estoques e planejamento e controle de produção (PCP) podem ser graves.

A boa notícia é que, com o uso de Business Intelligence, sistemas ERP e a mentalidade de PCP 4.0, é possível monitorar variáveis críticas, agir com agilidade e transformar riscos em oportunidades.

Se sua empresa ainda não se estruturou para enfrentar essas oscilações do mercado, este é o momento ideal para tomar uma atitude.

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